segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Do amor.

No início eles não pareciam em nada um com o outro. Não combinavam a cor, a roupa, muito menos o pensamento. Descobriram então que se amavam; ela primeiro, naturalmente. Foram se misturando, ficando parecidos a ponto dos que estavam ao redor fundirem seus nomes. Isso durou até o dia em que perceberam que não ficaram parecidos, ao contrário. Ficaram tão diferentes com o passar do tempo, que se completavam de uma maneira única, a ponto de confundir. Perceberam isso porque ele era teimoso como uma mula empacada, e ela, teimosa como uma daquelas borboletas que não saem do quarto por nada.




Imagem: Les Amoureux - Pablo Picasso

terça-feira, 21 de julho de 2009

Pincelada.

Ana sente muito sono pela manhã. Vai trabalhar arrastada por ela mesma, como que carregando a cama e mais uns pesos extras pra lá e pra cá até pouco depois do meio-dia. Consegue com esforço duas horas de agitação. Quando são três da tarde, o sono volta com força total, sem trégua, sem pena. Ela fica torcendo pra que o relógio no canto da tela do computador marque 16:00 para que ela saia correndo. Chega em casa, toma um banho e cochila até às oito, quando parece que um peixe se debate dentro de sua barriga, brincalhão. Janta e vê curtas, pelo menos uns 10 por dia para um trabalho. Às vinte e duas horas começa a sentir um sono incontrolável que (às vezes) consegue controlar até às vinte e três. Quando pega no sono, a Lua olha para e ela e acha graça. Ana vai acordar com muito sono pela manhã.

sábado, 4 de julho de 2009

Direto de Caetano


Sou uma pessoa extremamente anciosa... e isso me causa alguns efeitos colaterais, tipo: estresse!
Ando tentando me policiar o mais que posso, agora mais do que nunca.

E pra esse momento, trago Caetano comigo:

"És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo, tempo, tempo, tempo

Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Entro num acordo contigo
Tempo, tempo, tempo, tempo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo, tempo, tempo, tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo, tempo, tempo tempo

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo, tempo, tempo, tempo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo, tempo, tempo, tempo
Quando o tempo for propício
Tempo, tempo, tempo, tempo

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo, tempo, tempo, tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo, tempo, tempo, tempo

O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Apenas contigo e migo
Tempo, tempo, tempo, tempo

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo, tempo, tempo, tempo
Não serei nem terás sido
Tempo, tempo, tempo, tempo

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo, tempo, tempo, tempo

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo, tempo, tempo, tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo, tempo, tempo, tempo."


Caetano Veloso - Oração ao Tempo

domingo, 17 de maio de 2009

Os 35 primeiros que lembrei...

Hoje olhava o orkut e vi que tinha um amigo com um novo álbum de fotos que se chamava "Personagens Preferidos". Fiquei um tanto curiosa e resolvi abrir o álbum pra ver, afinal esse amigo foi meu aluno e queria saber quais eram seus personagens favoritos!

Olhei todos, fiquei feliz em ver alguns, outros nem tanto (rsrs...), mas resolvi então fazer uma lista minha aqui no Blog!

Aí estão os 35 (primeiros a serem lembrados...), e não estão em ordem de preferência!

Ah! Existem casais aí na lista... conto como um só porque acho que são personagens que se complementam.





Ed Crane







Zé Pequeno









Vincent Vega










Marge Gunderson








Tyler Durden








Travis Bickle







Sweeney Tood









Sailor Ripley e Lula Fortune









Raimunda







Pepa Marcos







Patricia Franchisi








Pacu/menino




quarta-feira, 13 de maio de 2009

A coisa que não passa.

MEU REBENTO.
ARREBENTO.
AR. BENTO.
ARREPENDO.
DESPRENDO.
PRENDO.

PENDO.
PÊNDULO.
PENDURO.
PENDURAR.
PERDURAR.
AR.
ARREPENDO.
AR.
BENTO.

ARREBENTO.
REBENTO.

(De "rebentar" mesmo...)

(Existe uma coisa aqui dentro que não passa. É algo que chegou, bateu o pé, ficou. Entrou sem pedir, sem a menor descrição. Algo que não faz a menor questão de ser sutil. Algo que insiste em ser lembrado, quando menos se quer lembrar. Algo que não tem cheiro, não tem cor, não tem nome. Mas é algo que vibra, que consome, que inferniza. Existe algo aqui que não passa.)

terça-feira, 5 de maio de 2009

imagem / texto


"CE N'EST PAS UNE IMAGE JUSTE,
C'EST JUSTE UNE IMAGE"

Traduzindo (se não for isso é quase isso...)

"NÃO É UMA IMAGEM JUSTA,
É JUSTO UMA IMAGEM"


imagem / texto
............texto / imagem



1- Essa frase aparece no filme "Vento do leste" de 1969, dirigido por Godard.
2- A idéia da postagem saiu quando Bion estava lendo o livro "Cinema, vídeo, Godard" de Philippe Dubois, e nós tínhamos longas conversas sobre as imagens/texto de Godard.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Segunda?!?














Existem pessoas que apenas existem, pra gente, pro mundo. Outras existem e batem o pé, dizendo: Olhem, eu estou aqui, eu sou daqui, eu existo aqui!

Fico feliz de conhecer algumas, poucas, que são assim.

Essa postagem é pra duas delas. Sim, essa postagem é pra vocês dois.

"Os alquimistas estão chegando
Estão chegando os alquimistas

Eles são discretos e silenciosos
Moram bem longe dos homens
Escolhem com carinho a hora
e o tempo do seu precioso trabalho
São pacientes, assíduos e perseverantes

Executam, segundo as regras herméticas
Desde da trituração, a fixação,
a destilação e a coagulação

Trazem consigo cadinhos
Vasos de vidro, potes de louça
Todos bem iluminados

Evitam qualquer relação com pessoas
de temperamento sórdido

Os alquimistas estão chegando
Estão chegando os alquimistas"



Os Alquimistas - Jorge Ben













segunda-feira, 13 de abril de 2009

Dividindo sentimentos.

Ao dividir, quase repito aqui uma certa postagem do Zeh.

Seremos sempre três, mesmo que a soma não seja mais cinco e tenhamos que nos virar com quatro. O resto, não importa.

"Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça"


Cálice - Chico Buarque

Postagem dele.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Só para dividir 2.

Rebento.
Música de Gil.
Na voz de Elis.
Toda vez que ouço, choro.

"E a imensidão do som desse momento".





Adoro Elis. Adoro Gil.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Só para dividir.

Adoro Antônio Fraga. Só li o seu "Desabrigo e Outros Trecos", mas adoro Antônio Fraga.


E só para dividir, tem no início desse livro, uma poesia escrita com a própria letra dele.


E ela é assim:


SAZÃO

Evento e evento-eventos;
história, através da estória:
a ampulheta era uma flor
de vidro, soprado ao leve.


A ampulheta era uma flor
(despetalou-se no tempo).
A ampulheta era uma flor
(gerava o fruto das horas).

A ampulheta era uma flor,
cujo polen-grãos de areia,
gerava o fruto das horas.

Colhido o fruto das horas,
sepultaram num musco;
a flor de vidro-ampulheta.

Antônio Fraga
1° de maio de 1951

Adoro Antônio Fraga.

quinta-feira, 19 de março de 2009

De novo sobre a TV...


Estava arrumando o quarto e a TV ligada no Discovery Channel.
Quando ouvi (e vi, claro!) o comercial de um programa que vai rolar no próprio canal sobre a Índia.

E o locutor/narrador começava a narração dizendo mais ou menos assim (com aquela entonação grave que ninguém consegue descrever):

" Venha conhecer o VERDADEIRO CAMINHO DAS ÍNDIAS... etc, etc, etc..."

Entenderam?

Isso me chocou. Não deveria, mas chocou. Mesmo.
Quem será que sabe mais sobre a Índia? A Globo? O Discovery? Nenhuma das alternativas anteriores????



Saiba mais sobre o "India Tower"

Sobre Big Brothers (e como eles são preocupados com a aparência para "aparecer" na TV)


Reparei outro dia uma coisa muito engraçada no Big Brother. Domingos (dias de indicação), terças (dias de eliminação) e quintas (dias de prova do líder) eles se arrumam mais do que nos outros dias. A minha reflexão sobre isso é que supostamente nesses dias eles se arrumam para “aparecer” na TV!

Acho que seria trágico se não fosse cômico.


Eu e minhas observações:
1- Na verdade na quinta eles se arrumam um pouco menos, porque pode ser uma prova de resistência e a roupa tem que ser confortável.
2- Eles também se arrumam mais na quarta, que é dia de festa, mas eu não citei o dia porque é dia de festa e na maioria das vezes é a produção que escolhe as roupas, então vamos dar um desconto!
3- É claro que tudo o que disse vale mais para as meninas (e para o Max... o cara da foto).

quinta-feira, 5 de março de 2009

Devaneios sobre planos...



Como é complicado fazer planos.


Não, mais complicado que fazer planos é não conseguir com que eles sejam realizados.


Repensando:


Como é complicado realizar planos!






Ps: É para o pensamento ser ambíguo mesmo!
Serve pra plano (unidade narrativa de um filme),
serve pra plano (coisas a serem realizadas, metas),
e serve também para o plano do dicionário (que não tem desigualdades nem diferenças de nível; raso, liso; fácil acessível).