domingo, 4 de novembro de 2007

Pragmatismo

Juro que eu tento ser pragmática e escrever sobre cinema, literatura, música ou política. Mas normalmente outras coisas, às vezes aparentemente menores, mais sutis, é que me tocam e me fazem realmente ter vontade de escrever, de falar ou de me comunicar com o outro. Há alguns dias estava lendo uma oficina de roteiro do Gabriel García Marques trancrita, que virou livro e chama-se "Me Alugo para Sonhar". Adoro o G.G. Marques, mas o que realmente me chamou atenção foi um dos apontamentos de Doc Comparato, que era assessor da oficina e que escrevia um texto antes de cada sessão dos roteiristas participantes, que eles chamavam de "jornada". Antes da sétima jornada ele escreve:

"No prólogo de minha peça de teatro 'Nostradamus', fiz o seguinte comentáriosobre o tempo: 'Figura difícil que, embora me incomode, me fascina muito mais pela sua leitura dramática do que pelo seu mistério ditado pela física. (...) Porque ele possui a força do estático, mas transcorre. Embora seja absoluto, é quase sempre relativo. Dizem que é inexorável, ainda que possa ser recuperado pela arte, história e pela nossa memória. Um quebra-cabeças, o tempo. Muito mais perto da luz do que da matéria. É o invisível que deixa marcas."

O tempo é algo que me incuca. Esse texto me diz coisas. Passo à partir de agora a tentar ser mais pragmática.