quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Fotos, presente e espaço de sobra

As fotos feitas com a câmera do celular revelam processos. Vai passando foto por foto sentindo tudo novamente, guiada por uma voz que diz: amor não é verbo e nem sentimento. Ninguém ensinou esse apego ao passado e esse excesso de futuro que os humanos dão nome de saudade e ansiedade, nasceu embebida nisso. Saturno retornou rasgando o casulo, trazendo vontade de presente e de estar só. O ciclo vai chegando ao fim e ela vai mirando julho, porque o mundo é imenso e ela tem espaço de sobra.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Reflorescendo

Os encaixes não são perfeitos e ainda assim existe firmeza. A boca tem gosto de saliva e o beijo é ainda melhor assim. Inventar gosto dá um tom de contos de fadas que não existe, pra ninguém. Saudade e pé no chão aqui andam juntos, delícia é ser quem se é e ansiedade é coisa que dá e passa. A vida é doce e ao contrário do que apontavam as pesquisas, há amigos. Amigas principalmente, porque só elas entendem. Prepara, porque tem muita adaga, espelho e força passeando por aí.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Olinda

O coração sendo estrangulado não respira e o aperto no peito bate pé. Essa sensação tem nome, sabe disso. Os trilhos, sempre os trilhos. Agora eles são escape, morada, passaporte, encontro, material de construção do que está por vir. O pragmatismo faz questão de lembrar que algumas escolhas feitas durante revoluções se tornam motores com força suficiente para trabalhar por bastante tempo. Batizados, o primeiro encontro de necessário e o segundo de bonito, o terceiro será uma mulher e se chamará sagacidade. Só tem a agradecer esse olho no olho. No meio do fluxo de pensamento retorna à questão primeira, passa nada, nem ar. Mentira, passa só o cara que não pede licença. Chega mais afeto, a casa é tua.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Dos canyons imaginários

São tantas saudades que nem sabe. Não tá mais cabendo um amor de cada vez. Pode três? A essas alturas de janeiro, tudo o que precisa é de uma mochila com óculos escuros e duas mudas de roupas de verão. Olhando pro canyon imaginário, fica na dúvida sobre lançar-se no abismo e mergulhar no rio que passa lá embaixo ou atravessar a corda bamba estirada de uma ponta a outra. Não importa, a brisa que bate dá conta por enquanto, já que ela ainda não descobriu nenhuma pista sobre onde está soprando o vento bom.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Vestido azul

Hoje eu coloquei um vestido azul escuro. Agora eu tenho um, ao contrário da sua primeira lembrança minha em que eu apareço com um vestido azul escuro que nunca tive. É louco a quantidade de leões em volta e eu me pergunto se preciso matar todos eles. Tenho quase certeza de que você me responderia que não, pra deixá-los livres e ser feliz com as leoas, ou sozinha. Existem muitas alternativas e um mais um pode dar dois ou pode dar muita gente. Eu posso querer tudo e depois é só lidar com a insônia, efeito colateral da ansiedade, uma das moradoras desse coração que cabe mais coisas do que devia.