quarta-feira, 29 de junho de 2016

Curtidas

A insônia vinha acompanhando há algum tempo e num dia foi transformada em curtidas. As redes sociais e sua vocação para as friezas e para o não palpável também têm o poder de catapultar de "nada de novo sob o Sol" para "não sei lidar com fogo, ainda não aprendi". Sair da zona de conforto às vezes dá frio na barriga.

Teve amigos em comum, filme ruim, posts ensaiados, maldições e gargalhadas. Depois da foto em p&b, leu no caminho que "tem tipos de trocas em que todo mundo lucra, deixando geral mais próspero e mais bonito". É o baile que segue.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Aqui acumulamos demandas

Dos três dias de descanso, separou o último pra dar rumo na vida. Os dois primeiros foram repletos de cama, pessoas queridas, bebidas e sorrisos. Falando do campo das saudades, a morte de uma em específico é sempre um ensaio, falta clareza e olho no olho - mas já aprendeu que tem coisas que deixam de importar com o tempo, e ela é paciente. Acordou na manhã do terceiro dia com o ventre pesado, o seio dolorido e uma gripe imensa. Agora é aguardar o momento em que a natureza vai descartar mais um pedaço não fecundado, tomar uma vitamina C e passar mais um dia sem se dar rumo.
Pensou em escrever na parede do quarto "Aqui acumulamos demandas".
Nunca é proveitoso e criativo, porque quando está no ninho só quer se desligar. O mundo é um monstro que ela só vai enfrentar amanhã.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Antes, não era.

Saturno, o planeta professor, exigiu que a liberdade viesse inteira custando o que custasse, implacável. Lá se foram anéis, dedos, casa, coração. O vivido, o pouco experimentado, o que estava por vir, tudo isso foi-se também. Destruir para se refazer, sozinha. Sozinha. Ninguém poderá dizer que a conhecia, a partir de agora se apresentará novamente a cada um de seus parentes, amigos e afins. Saca a história da lagarta que vira borboleta? Não se trata só da beleza final da transformação, trata-se também e principalmente do medo do "lá fora". Agora acabou o medo. Agora, ela é ela. Antes, não era. A beleza se encontra nos processos.