quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Ratos e esquilos

A tradução do símbolo do infinito pra mim é angústia. Aquele oito deitado, dando voltas, tipo pista de fórmula um que não acaba nunca mais. Sinto angústia porque me lembra essa relação que não começa, que não termina, que nunca foi relação na verdade. É sempre essa valsa triste que começa devagar, passa para um flerte à distância, os dois fingem que não estão entendendo, um convite, um rompante, uma noite que mata as saudades e “voilà”, no dia seguinte você se apressa para pôr um curativo e estancar o sangue da ferida aberta. Semanas depois repetimos o ensaio, partindo da deixa da valsa triste. Não há analogia melhor que "machucados provocados conscientemente" para traduzir essa coisa, esse sentimento que só tenho vontade de enfiar a mão na garganta pra ver se vomito. Estou cada vez mais exausta tentando sair desse labirinto de rato de laboratório. Lembro agora da conversa sobre ratos e esquilos, sobre transmitirem as mesmas doenças e serem vistos de formas tão distintas.Você se vê como? Rato ou esquilo? Chuto que nenhum dos dois, você se vê Pegasus, voando, sozinho. Um dia eu invento um “The End” melhor do que fim de filme do Tarantino e você não vai precisar correr com as ataduras. Vai seguir voando, bem alto, e sozinho.