domingo, 23 de outubro de 2016

Saudade, todo dia, é amor

Sonhei com você essa noite, duas vezes. Banho gelado, seu cheiro e um tchau silencioso seguido de um retorno sereno, com beijo digno de filme francês no final. Francês porque sonhei em preto e branco, além de nossos encontros reais me lembrarem o casal do Acossado, filme do Godard. Brega e clichê eu sei, mas surpreendentemente parecido com a gente. Ao contrário de quem você é na vida, nos sonhos você ficava calado e não tirava os olhos de mim, como que me lendo inteira, exatamente como naquele dia na sua cozinha. Lembro bem quando nesse mesmo dia você me enviou uma mensagem perguntando por que eu voltava. Fico torcendo pra que você se lembre da resposta.

Não está sendo uma semana fácil e percebi que quando fico triste dói minha cicatriz no pé da barriga. Faz muito sentido doer onde eu fui mais frágil. Talvez porque eu fique brigando comigo mesma, sem sucesso, pra nunca mais ser. Preciso dividir os passos com quem é caro pra mim, se não, não dou conta. Aprende a dividir também, vai te fazer bem. Não adianta querer dar conta sozinho, ninguém consegue. Muito menos querer salvar o mundo sem se salvar primeiro.

Quinta à noite, olhando pro céu num terraço acolhedor, experimentei um amor pleno, um amar tudo, sem angústia. Foi tão bom e eu não sentia há tanto tempo. Queria esbarrar com alguém que pudesse me amar junto comigo. Queria muito isso pra você também.

Todo dia, é amor. Mas só pra mim.

Nenhum comentário: