domingo, 9 de novembro de 2014

Pinheiros

Confusão, importância e dor. Os passos, hora apressados, hora passeando, vão determinando o compasso. Ninguém sabe do horizonte e o que parece dar errado vai se mostrando primordial. A catarse coletiva é obrigatória e os olhos que se cruzam brilham numa mesma cor. Uma figura preta embebida de branco se torna elemento fundamental e a ancestralidade vibra. A certeza de todos os deveres cumpridos é combustível do querer mais e a madrugada é quem acolhe o desejo. Horas de comunhão, de troca, de discussões intermináveis, do sorriso largo, da desaceleração, dos transbordamentos, do falar o que é preciso. Os mestres são de longa data e de datas próximas, todos tão iguais que vão se fundindo. A cidade atravessa, as esquinas pulsam. Bares e praças vão fazendo parte das histórias de vida. A conclusão de que ter se jogado aos 20 anos foi o topo e o precipício é mais um peso sobre os ombros. Arianos são os amores e dissabores, cancerianos os iguais, aquarianos o embate, escorpianos os melhores amigos e piscianos a paz. É realmente um desastre a chegada das 2h, a hora corre e a manhã chega muito depressa. Os Pinheiros são árvores imponentes, fortes, de madeira escura. E é aí que tudo faz sentido.

Marcos Serra por Mazé Mixo


Um comentário:

Unknown disse...

lindo texto. me vi nele.
gratidão pela partilha e presença.